
Quem é a Wyka kwara?
A Wyka Kwara é uma organização não-governamental, com sede física em Ananindeua-Pará, e articulada em todo o território nacional (mantendo relação internacional com os demais povos originários fora do país). Há cerca de dois anos oficializada, a Associação vem há muito mais tempo buscando unir indígenas que nasceram na cidade, mas que preservam parte das tradições culturais e espirituais de seus ancestrais, por mais que tenham sido afastades dos seus territórios e costumes originários. É um acolhimento de todes os que reconhecem a sua “indigeneidade”, e que por motivos diversos, e adversos à sua vontade, foram desconectades do seu próprio povo. A partir de estudos e pesquisas documentais, a Wyka Kwara se torna um espaço que investiga a ascendência indígena, assim como também permite desenvolver produções cartográficas, iconográficas, mapeamento dos processos históricos e contextualização de conflitos, e do processo de urbanização nesses territórios de conflitos - sob a perspectiva indígena - desenvolvendo análises, pesquisas, levantamentos, releituras críticas, produções de artigos, assim como, dissertações, e teses acadêmicas. Provocando interpretação crítica do processo de colonização e, inclusive, de como se construiu a História do Brasil, de como ela foi contada, e como ela é narrada com o olhar dos protagonistas desse processo de resistência, pois aqui se inserem as pessoas da Wyka Kwara. É, portanto, um espaço coletivo de vivência e produção a partir da memória, identidade e consciência indígena enquanto re-existência.
Nesse processo, no qual o colonialismo deu lugar à colonialidade, a Wyka Kwara é resistência, é essa “Força no caminhar”, ao permitir a autoafirmação e a afirmação enquanto coletive, apoiando a retomada indígena ancestral, o retorno ao território de origem, o pertencimento e o reconhecimento indígena nas mais diversas regiões do Brasil, que sofreram a tentativa de apagamento e extermínio, especialmente pelo pardismo. A Wyka Kwara é o lugar dos que se encontram num “não-lugar”, pois acolhe os remanescentes de ancestrais que foram expulsos de seus territórios pelos invasores, ou os que sofreram algum outro tipo de violência, abusos, usurpação e negação de seus direitos, onde se torna possível conectar com a sua própria história, com o seu passado e o seu futuro. É possibilitar caminhos de curas profundas de cada história silenciada pela violência colonial em nosso país e como ela é narrada com o olhar dos protagonistas desse processo de resistência, pois aqui se inserem os indígenas da Wyka Kwara. É, portanto, um espaço coletive de vivência e produção a partir da memória, identidade e consciência indígena enquanto re-existência.