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Manifesto Artivista das EPPPÍStemologias Poéticas Políticas Indígenas

Eu acordei de um sonho, onde um grande sapo me olhava, com um olho maior do que a minha cabeça e a um cílio de distância do meu rosto. Dos sonhos eu trago este manifesto ao som dos assobios dos bem-te-vis. Os encantados me despertam pra luta dos povos originários em retomada ancestral.



Arte por Filipe Russo das EPPPÍStemologias Poéticas Políticas Indígenas, utilizando o alfabeto produzido a partir da escrita do cronista indígena do Século XVI Waman Poma de Ayala, fonte produzida por Isadora Melo/Gretel Echazú B. — Projeto Encontro de Saberes - UFRN


As EPPPÍS são saberes vivos, transcestrais que emergem de corpos indígenas, para corpos quaisquer, de parentes para parentes.


A constelar os (ciber)espaços com sementes de uma fauna e flora cosmoriginárias, cosmovisões de outros devires e outros porvires.


Conhecimento tematicamente indígena é aquele que fala sobre pessoas indígenas e joga (uma) luz (de um olhar) sobre essas pessoas. Como narramos, iluminamos e expomos pessoas produz um imaginário social povoado pelas mais diversas narrativas, mas principalmente pelas narrativas de “sucesso”, as narrativas de “sucesso científico” ganham status na academia por meio de teses, publicações, citações, referências, ementas, prêmios e titulações; as de “sucesso econômico” ganham status no mercado por bater recordes de vendas e de acumulação de capital; as de “sucesso público” ganham status na sociedade por se tornarem as mais populares, notórias, panfletárias, convenientes, fáceis, estereotipadas e subalternizantes representações caricatas da alteridade, do outro (definido a partir de um elemento primeiro, antecessor, axiomático, mais legítimo, melhor, mais nobre, mais puro, mais justo, mais belo, mais benevolente, mais certo, mais santo, mais herói, mais protagonista, mais coerente, mais desejável, a partir do qual se faz um contraponto no juízo de valor, “és menos portanto eu sou mais”, quando na real “és menos para que eu possa aparentar e pelo jogo de aparências e representações ser politica e de fato materialmente mais que você, nos mais diversos e complexos arranjos sociais e espoliativos”). De onde parte a narrativa que nos acorrenta ou nos emancipa? De onde parte o olhar que nos fixa à parede de um museu ou de uma abordagem policial? A luz que nos ilumina está polarizada por influências ideológicas, está polarizada por interesses ocultos, está polarizada por desejos ilegítimos. Mas nossas sementes são escuras, profundas, ancestrais, em sua rigidez orgânica preservam na escuridão a potência de uma floresta porvir e toda a diversidade de vida que ela abarca, a luz branca da monocultura hegemônica não nos embranqueceu a ponto de esquecermos nossas origens, nossos desejos, nossas essências com seu apagamento, extermínio e espoliação, com seu projeto de sociedade “bem-sucedida”.



Moara Tupinambá ao lado de seu quadro Buya Wasu come Abaporu (2022) na Ocupação 9 de Julho / MSTC


Conhecimento EPPPÍStemologicamente indígena é aquele que nasce, vive e morre em corpos indígenas. Só há a possibilidade de se dissertar sobre temas indígenas em narrativas quaisquer porque antes existe um corpo, um povo, um território (epistemológico) preservado na própria carne, na própria tessitura da vida, da qual as EPPPÍStemologias Poéticas Políticas Indígenas emanam feito dama da noite. Qualquer tentativa de (in)validar epistemologias cumpre função e projeto políticos, recai no jogo e em juízos de valor do branco, do enbranquecimento, na ideologia hegemônica das instituições vigentes que recrutam e canonizam saberes ao seu bel-prazer, segundo sistemas arbitrários independente da lógica eleita, os quais só se prestam verdadeiramente ao serviço de ocultar desejos (coloniais). Por isso não argumentamos cartesianamente, mas sim manifestamos (r)existência, modos legítimos de ser e estar no mundo, o mundo: Nós Somos A Natureza e Toda A Sua (Biopsicossocio)Diversidade.


Nós reivindicamos a mãe-terra e o pai-planeta, Pindorama, Abya Yala e Pachamama! Nós reivindicamos as constelações corpos-povos-territórios EPPPÍStemológicos!!!


Kuekatu reté




  • Filipe Russo


    • 9 de jan.

    • 2 min para ler


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